domingo, 17 de abril de 2016

quinta-feira, 14 de abril de 2016

terça-feira, 12 de abril de 2016

Eu e os outros


As pequenas histórias são, também, a nossa maior história. Escrevo mais esta para não esquecer...
Onde eu trabalhava, aparecia diariamente um homem que sofria de uma qualquer deficiência mental que não o impedia de nos prestar pequenos serviços (levar o correio, comprar o jornal...). Era acarinhado por todos e, sabíamos, protegido pelo sindicato que, inclusive, lhe dava dormida num sótão da sede.
Gostava, particularmente, de mim e eu correspondia como podia e sabia.
Passaram-se muitos anos, já eu mudara de trabalho e profissão, já esquecera o nosso homem, quando um antigo colega me veio entregar um poster, tamanho "gigante", com a minha cara quando jovem e ainda "bem parecida".
Explicação dada, o sindicato tinha oferecido, ao meu amigo, na brincadeira, uma reprodução gráfica do meu retrato que este conservara na parede até à hora da morte.
Não me lembro do seu nome e recordo tantos outros que nunca o mereceram.


Uma casa


Há pequenos pedaços de vida, lá atrás, que nos fazem sorrir. A primeira (?) casa que ousei querer comprar, era uma palafita à beira Tejo. Mais tarde foi objecto de uma brincadeira com direito a caricatura e oferecida pela nossa Coqueluxe, em que eu ostentava várias peculiaridades levadas ao exagero: o gosto pelos vestidos indianos, os brincos grandes, os colares, sapatos para várias ocasiões, dois pares de óculos (para os esquecimentos) e muitos isqueiros. Tudo isto e uma palafita.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Margaridas




Sonhei que estavas dormindo num campo de margaridas sonhando que me chamavas, que me chamavas baixinho para me deitar contigo num campo de margaridas. No sonho ouvia o meu nome nascendo como uma estrela, como um pássaro cantando.Mas eu não fui, meu amor, que pena! mas eu não podia, porque estava dormindo num campo de margaridas sonhando que te chamava que te chamava baixinho e que em meu sonho chegavas, que te deitavas comigo e me abraçavas macia num campo de margaridas.

                                                                    Thiago de Mello