quarta-feira, 20 de maio de 2015
terça-feira, 19 de maio de 2015
sexta-feira, 15 de maio de 2015
segunda-feira, 4 de maio de 2015
O pato sagrado
Era um pato pequenino, tão pequeno quanto eu, amarelo como uma gema de ovo, grasnando desesperado na varanda da casa. O meu pai, acompanhando-me no espanto e na alegria da descoberta, explicou-me ser a prenda de natal que o menino jesus deixara para mim.
Ainda hoje sei, sentida ou lembrada, a emoção de ter um pato que passara pelas mãos do menino jesus.
Nos dias seguintes, admirava-me que a vida continuasse o seu ritmo normal para os demais membros da família. Parecia ser eu a única a ver, naquele bichito que corria pela casa junto aos nossos pés e que, por via dos acidentes de percurso, andava sempre de patas entrapadas, o toque sagrado das mãos de um deus que se lembrara de mim.
Mais tarde, num tempo já sem deuses, dei um pato pequenino, tão amarelo quanto o primeiro, ao meu filho.
Talvez quisesse oferecer-lhe um momento breve, mas belo, de crença.
Ainda hoje sei, sentida ou lembrada, a emoção de ter um pato que passara pelas mãos do menino jesus.
Nos dias seguintes, admirava-me que a vida continuasse o seu ritmo normal para os demais membros da família. Parecia ser eu a única a ver, naquele bichito que corria pela casa junto aos nossos pés e que, por via dos acidentes de percurso, andava sempre de patas entrapadas, o toque sagrado das mãos de um deus que se lembrara de mim.
Mais tarde, num tempo já sem deuses, dei um pato pequenino, tão amarelo quanto o primeiro, ao meu filho.
Talvez quisesse oferecer-lhe um momento breve, mas belo, de crença.
Etiquetas:
Arco 2014 _Madrid
Subscrever:
Mensagens (Atom)