segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Eu e os meus objetos



 Um pequeno recanto de figuras compradas com o prazer da descoberta. Cada uma tem a sua história e foi, durante anos, a minha quase inexistente tendência para o coleccionismo.


 Um pormenor de uma romaria minhota, de um barrista - Delfim Manuel - que se desdobra em figuras populares, dando ao barro a leveza da filigrana, e tornando num sorriso aquelas festas dignas de um filme do Kusturica. Foi a oferta que fiz a mim própria no dia em que o trabalho deixou de ser uma obrigação.


 Um alfarrabista saído das mãos e da humildade de um homem chamado José Franco. Era uma oferta, com direito a dedicatória escrita pelo próprio J.F. na traseira do manto.Lembro que procurar uma prenda era para mim um entusiasmo e um desafio. Gostava de encontrar símbolos, imagens e linguagens escondidas, outras dimensões e outras mensagens.A prenda era feita desta procura. Era sempre uma dupla entrega.

 Três figuras. A mulher que abraça a criança, as minhas cantarinhas de barro a subirem-me pelo corpo e pela memória dos tempos, um camelo, imagem de um deserto onde fui (como diria o outro) muito feliz, e de uma ceramista - Bernardete Gomes - que trabalha o barro como quem pinta a espátula.


Pormenor do meu amigo camelo.


Nas feiras de artesanato espero sempre encontrá-los. É um casal de jovens, bonitos por inteiro, o que se traduz também num ar de gente doce. Trazem muitos e variados bonecos, monstrinhos, gravetos em forma de qualquer coisa entre o humano e o vegetal. Benamai Sá Pinto não sei se é o seu nome de "guerra". Este boneco de madeira com asas de anjo ou borboleta foi, pelo tamanho e características, uma das suas primeiras criações. Tenho outros, uma crescente família délfica, que espanta os meus fantasmas nas várias janelas da casa. Comprei-o pouco antes de nascer o Carlos que, conforme crescia, se media com aquele ser de asas abertas à entrada da sala.

Sem comentários: