sexta-feira, 24 de março de 2017
Adeus! Adeus!
Devia morrer-se de outra maneira. Transformando-nos em fumo, por exemplo. Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol a fingir-se de novo todas as manhãs, convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite para o ritual do grande "disfazer" : - Fulano de tal comunica ao mundo que vai transformar-se em nuvem hoje às nove horas. Traje de passeio.
E então, solenemente, com passos de reter o tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir à despedida. Apertos de mão quentes, ternura de calafrios "Adeus! Adeus!"
José Gomes Ferreira
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