A par do ano que se despede, o tempo passa rapidamente. Guardo alguns intervalos para brincar com a tradução de um artigo que me vai relembrando o francês esquecido. Agradeço ao Karim.
... e quando não vimos a objetiva da máquina fotográfica porque somos um só, nós e o livro, qualquer ano novo terá bons momentos de alegria.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
domingo, 22 de dezembro de 2013
Curiosidade de gente
Hoje foi o dia das cadeiras novas e dos animais com história. Comprámos uma galinha viva. O Carlos achou uma notícia destas tão estranha, que precisou de confirmar comigo. Ainda mereço, ao contrário do avô, alguma credibilidade.
Prometi abrir-lhe a porta do carro, de mansinho, e deixá-la fugir para a liberdade do campo alentejano.
Agora, como explicar "aquele prato" no menu de natal?
sábado, 21 de dezembro de 2013
Solstício de Inverno
Há semanas que, por falta de limpeza camarária, as ruas da minha cidade brilham com as folhas amarelas de um outono que se despede devagar.
Hoje, numa dessas ruas sem nome nem história, um vento fortíssimo levantou aquele tapete de cor e as folhas dos meus plátanos dançaram, dançaram, em volta de gente e de carros.
Despediu-se o outono numa das mais belas e inesperadas imagens a que assisti. Foi tão belo que teve, necessariamente, que ser breve.
domingo, 15 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
SE...
“si j´etais soluble dans l´eau, tel un savon de vieux
lavoir, je me laisserais fondre ici, rejoignant la mémoire du lac e ses molécules
brassés qui ont visité l´univers. Un peu de moi
aurait la pertinence de la pluie qui ruisselle sur la Dent d´Oche; un
peu de moi serait mêlé à la nourriture des perches qui garnissent vos plats.
J´entretiendrais vos nerfs, vos muscles e je saurais vos émotions. Enterré avec
vous, j´irais engraisser des vers de terre que les merles extirperaient voracement. Évaporé dans l´air,
j´appartiendrais modestement à la fulgurance des éclairs, à l´embrasement des
couchants et je neigerais sur la ville.”
Pierre –Laurent Ellenberger
(post de Katchdabratch 29 de Novembro de 2013)
terça-feira, 26 de novembro de 2013
o banco e o mar
Um encontro a cinco, frente ao mar, em
que se misturam geriberas com cana de bambu, crina de cavalo, saudades e
solidariedades (diz a Cris), é uma dádiva dos deuses em tempo de crise…
A vida joga-se, também, aqui.
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Baleal- Peniche
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
A raiz do castanheiro
Dizem que reconheço um castanheiro em qualquer azinheira. Talvez. Mas o que se ama nem sempre é nomeável. Ama-se, simplesmente. Tentei, por várias vezes, aprender-lhes os nomes, conhecer as diferenças, mas em vão. O que eu guardo dos meus castanheiros, sejam eles sobreiros, abetos, choupos ou salgueiros, é do seu canto quando os pássaros se recolhem no final do dia, é do cheiro a verde e terra, é da sua sombra … e, também, dos corpos que fingem ser, descarnados e humanizados quando secos ou quando morrem.
sábado, 9 de novembro de 2013
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
Caminhos de Ourém
- Pai, quero ir à catequese.
- Carlos, mas sabes o que é a catequese?
- sei, deve ser, assim, como o McDonald´s!
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Vila Nova de Ourém
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Bons sonhos
Uma mulher é entrevistada na marginal do Funchal.Vem fugida ao
fogo que lhe cercou a casa. Fala do medo e, entre lágrimas, acrescenta:
"... aprendi, esta noite, que
uma vida inteira cabe nestes quatro sacos que trouxe comigo".
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Passeio à Beira
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
domingo, 22 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Interlúdio "O meu Avô e o amor em 1910"
O meu avô morreu era eu pequena. Deixou-me a avó Hermínia, avó Bibi para o meu filho. A mais terna das mulheres que conheci. Não tenho dela fotografias, mas tenho sensações de protecção, do seu calor materno e, para a pequena estória pessoal, postais e desenhos vários que o amor lhe deixou.
Do meu avô sei que era laico, republicano, além de um homem bom e de princípios morais fortes. Sempre o vi como a referência dos vivos, naquela casa onde senti e aprendi a crescer.
Apeteceu-me trazê-lo aqui. Tirá-lo da gaveta. E com ele, recuperar a sua relação com a minha avó Hermínia. Ter a ilusão de a tornar menos perecível.
Recuar no tempo...
Talvez, também, recuperar parte de mim.
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Augusto de Miranda Victor
domingo, 15 de setembro de 2013
O meu avô
Nas pétalas d' uma flôr
Perguntei-lhe:
Alva, gentil, graciosa e bella
Flôr singela de perfume celeste
Que aroma mimoso! Que linda tu és!
Cahida a meus pés... D' onde vieste?
Respondeu-me:
O dever de flôr impõe-me segredo,
Mas acabe esse medo, tyrano preceito
Voei do jardim que a tua alma adora
Encontro-me agora sobre o teu peito.
Num seio casto outr´ora dormi,
D´elle pendi como rôxa glycinia
Agora perfumo o teu coração
Como recordação de ....Maria Hermínia
A flôr que recebi na noite de 4/4/1910
Augusto
Perguntei-lhe:
Alva, gentil, graciosa e bella
Flôr singela de perfume celeste
Que aroma mimoso! Que linda tu és!
Cahida a meus pés... D' onde vieste?
Respondeu-me:
O dever de flôr impõe-me segredo,
Mas acabe esse medo, tyrano preceito
Voei do jardim que a tua alma adora
Encontro-me agora sobre o teu peito.
Num seio casto outr´ora dormi,
D´elle pendi como rôxa glycinia
Agora perfumo o teu coração
Como recordação de ....Maria Hermínia
A flôr que recebi na noite de 4/4/1910
Augusto
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1910,
Poema escrito para a minha avó Hermínia
O meu avô (parte 1)
Songe d´Amour
Tristes flôres que a morte espreita
A quem a vida ceifei na pujança
Mimoso perfume, que assim me deleita
Dispersas no colo, pendidas na trança
Pobresinhas e tristes que ides mirrar
No seio, inclemente que, audaz, vos cortou
Se lágrimas de dôr vos podem salvar,
brotem aquellas que a innocência calou
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1910,
Poema escrito para a minha avó Hermínia
O meu avô (parte 2)
De repente um sorriso nos lábios brincava
Quebrando a dor num peito divino
E um coro de flôres, ternamente, bradava:
Não chores. Q´importa?...É nosso destino...
Ah! Já não posso contemplar-vos mais...
Dói-me o coração de vos ver assim...
Os primeiros olhos que lêrem meus ais...
Que vos levem a vós e me abandonem a mim...
Augusto
11-6-1910
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1910,
Poema escrito para a minha avó Hermínia
domingo, 8 de setembro de 2013
sábado, 7 de setembro de 2013
Síntese
Habito, sem me decidir, entre o prazer de uma literatura poética,
lírica ou mesmo fantástica, e uma outra, que reflete uma visão seca e dorida do
quotidiano, do tempo e da vida.
Entre estas duas, aprende-se a evitar a escrita.
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Fundação Champalimaud_Belém_Lisboa
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
domingo, 1 de setembro de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Jogo de espelhos
Pergunto-me se será no início, e no fim da vida, que temos mais tempo para fazer sínteses.
O Carlos é a minha janela para o riso.A descoberta que faz da vida, diariamente, contagia-me.
Muito sério, disse-me:
"G...tu ainda não és velhinha! As velhinhas fazem sempre assim: apertam-nos as bochechas e dizem:
- Olá, estás bom? És muito giro!"
... portanto, nunca se aperta as bochechas a uma criança!
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Adriana Molder,
Almada,
Casa da Cerca
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
A noite no alentejo
Aqui, no Alentejo, vejo um avião atravessar Orion.
Vejo uma imensidão de estrelas e constelações a brincarem comigo, lá no firmamento... juntá-las, dar-lhes nome, é um jogo entre mim e o céu.
Não, não é este o mesmo céu que cobre a minha cidade.
Não é!
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Costa Vicentina 2013
domingo, 28 de julho de 2013
Há lodo no Cais - 1
Maré baixa. Dez da manhã. Um convite para uma fotografia
diferente a partir das areias a descoberto.
Há quem, com o jeito de uma certa modernidade concorrencial,
se aventure demais e não meça a consistência do solo… aí, meus amigos, quem
chega tarde, como eu, perde a oportunidade de uma reportagem completa sobre os
riscos e perigos desta vida.
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2013,
Lisboa Cais das Colunas
Há lodo no Cais - 2
Dizem, pelo cais, que o fotógrafo se afundou na lama até onde as pernas terminam (confirmei, como se verifica), levantando ao ar a máquina, qual Camões a salvar as rimas.
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Cais das Colunas,
Lisboa
Há lodo no Cais - 3
Mas, com o jeito que o desespero empresta, lá saiu o nosso
homem do lodo e regressou, apoiado palas vozes de nacionais e estrangeiros, gente
anónima que logo o convidou...
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2013,
Cais das Colunas,
Lisboa
Há lodo no Cais - 8
E num “pas de deux” gracioso, comprometeram-se aos mais rasgados
elogios a qualquer fotografia que um ou outro publicasse ou imprimisse,
evitando assim os perigos da malfadada concorrência.
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2013,
Cais das Colunas,
Lisboa
Há lodo no Cais - 9
Neste gesto último, que registei ao longe, imagino o convite
ao regresso a terra firme, acompanhado de um certo linguarejar bem português,
que se faz sentir depois das grandes tempestades.
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2013,
Cais das Colunas,
Lisboa
sábado, 13 de julho de 2013
A preto e branco
Chamaram-me, um dia, platónica. O meu corpo encolhia-se, escondido de tanto tremer. - Não sou!, pensava, naquele reflectir rápido de quem recusa aceitar o que o latejar do sangue nega.
No entanto, agasalhei muitas vezes a realidade em filmes por estrear, construídos e vividos no calor dos sonhos e das noites.
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Lisboa,
montra de Susana Agostinho
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